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Ageísmo - a luta pela autonomia pessoal

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Temas da Longevidade

Ageísmo - a luta pela autonomia pessoal


Já falamos várias vezes de ageísmo e do preconceito social relativamente a várias faixas etárias. Mas, se estamos a falar de longevidade não temos que nos restringir só aos de mais idade como nossa preocupação. Que nos importa o preconceito face aos adolescentes, quando são eles, que mais centrados neles próprios menos, estão menos capazes de compreender os avós e bisavós. A longevidade, no entanto, preocupa-se com o envelhecimento, mas de forma transversal, ou seja encerra a ideia de que somos uma só pessoa que vai viver muitos mais anos do que se vivia há meio século atrás. Como tal, a pessoa nasceu, foi adolescente, adulto e pode chegar a viver até quase um século, ou mesmo mais, mas será a mesma pessoa, que se vai modificando ao longo da vida. Sai reforçado o conceito de percurso de vida de uma pessoa e não a ideia de gerações, como se António fosse pessoa distinta enquanto adolescente e depois de reformado. Não podemos conceber faixas etárias em vez de pessoas, porque anula em cada um de nós a ideia de nos projetarmos no futuro e nos revermos no passado, de querer entender os mais velhos na nossa adolescência e de compreender a adolescência quando temos mais anos.
O que mais me custa ouvir em consulta é “já cá não ando a fazer nada” ou “não quero dar trabalho a ninguém” porque representa a anulação da pessoa por ela própria e face aos outros.
O modelo do envelhecimento que perdura é paternalista para com os “velhinhos, coitados”. Não valoriza a pessoa no seu percurso de vida. Ter mais anos nunca é visto como uma vantagem, mas antes sentido como uma perda. E há vantagens, e não são poucas, quando temos mais idade. Esta desvalorização não promove a afirmação da pessoa com mais anos, antes retira-lhe participação social, capacidade de construir e de se realizar, iniciativa e autonomia. A reforma é a fronteira para o declínio e não o tempo de empreender com toda a liberdade o que se desejou poder fazer. Ageísmo é falarem de velhos e não da Longevidade, é não perceberem o potencial destas pessoas e reduzi-las a coitados que são um peso para a sociedade difícil de suportar pela Segurança Social. O ageísmo promove a doença, a depressão e as doenças degenerativas, não traz capacitação, saúde, dignidade e autonomia aos que vivem mais anos. Longevidade é a assunção de que vivemos mais anos e temos que ter presente ao longo de toda a vida esta conquista para pensarmos como a vamos organizar com mais autonomia, lutando contra os preconceitos que existem para com os de mais idade. Não queremos amparos, queremos que nos ajudem quando precisamos, para conquistar autonomia. Aos de mais idade tem de se proporcionar meios para poderem decidir da sua vida, não exclui-los e decidir o que é melhor para eles.

Deixo por fim este desafio vamos lutar pela autonomia e contra os preconceitos da idade?