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Novos e velhos - o erro das idades

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Temas da Longevidade

Novos e velhos - o erros das idades


Um dos grandes temas relacionados com a longevidade é a importância que se atribuí à relação entre as gerações a denominada intergeracionalidade. A intergeracionalidade visa promover o contacto entre as gerações, podendo desta forma estimular a inclusão e compreensão dos mais velhos. Curiosamente a imagem que vem associada é a de crianças e pessoas de mais idade e as intervenções que se propõem são entre estes dois extremos do ciclo de vida de cada um de nós. As idades de adultos em vida ativa vão-se eclipsar nesta proposta e perguntamo-nos porquê? Intergeracionalidade não se supõe a participação de todas as gerações. Porque é que se vão buscar estes extremos que só têm em comum serem supostamente dependentes? Esta prática é uma forma de ageísmo implícito.

Por outro lado estratificamos o percurso de uma vida humana em grupos etários e parece que os entendemos como categorias de pessoas distintas. O mais comum é a definição da idade em que se passa a idoso ou senior aos 65 anos, com todos os pruridos para não ferir suscetibilidades. Queremos combater as supostas diferenças etárias, mas somos os primeiros a lançar grupos de idade e assim promover a divisão geracional. A categorização de períodos de vida tem interesse com finalidade de estudos científicos ou de atribuição de condições inerentes a características dessas faixas etárias. A difusão deste procedimento contraria a ideia de que somos uma única pessoa desde que nascemos até que morremos, apesar de sujeitos a mudanças ao longo da vida. O melhor postulado de comunhão entre gerações é explicar aos jovens que eles irão envelhecer ao longo da vida, pelo que serão os “velhos” de amanhã. Da mesma forma um adolescente irá ser adulto, terá uma vida profissional ativa e passará por todos os ciclos de vida até à sua morte, se for bafejado pela oportunidade de poder desfrutar de uma longa vida. Esta perspectiva obriga a projectarmo-nos no futuro ao longo da vida, bem como a olhar a vida para trás. Por isso mesmo preferimos o termo transgeracionalidade, ou seja de transversalidade geracional o que nos trás a ideia de percurso de vida por todas as gerações, combatendo a ideia de relação entre gerações e favorecendo a ideia de continuidade geracional. Este princípio reforça a identidade de cada um de nós, um sentido dinâmico de mudança na vida ou seja de diferenças geracionais, além de que enfatiza a relação entre todas, mas todas as gerações. Não temos a imagem do avô e neto para definir as relações entre gerações, mas um sentido mais vasto e atual de relação e coesão entre várias gerações, em vários momentos de vida e até com origens e experiências de vida diferentes.

Os velhos somos todos nós.

 

Não somos a mesma pessoa desde que nascemos até morrermos?